"Vai passar.
Não é um conselho alegre. Não me tranquiliza saber que terminaremos.
Não é um conselho alegre. Não me tranquiliza saber que terminaremos.
É uma advertência que me desespera. Não gostaria que passasse. Eles não entendem que não sofro porque o amor acabou, sofro para não acabar o amor. Sou contrário ao término, me oponho à nossa extinção. Sou o único que resiste contra o fim de nossa história.
Eu não quero que passe. Mas sei que vai passar. Sei que o amor vai morrer desidratado, faminto, por absoluta falta de cuidado. Vai passar, infelizmente. Tudo o que a gente construiu junto vai passar. Tudo o que a gente idealizou, inventou e armou vai passar.
O lugar no peito que recebia seu rosto para dormir vai passar. Nossos apelidos, nossos chamados, nossas piadas vão passar. Por mais que acredite que seja impossível, irei namorar de novo, me apaixonar, casar e rir docemente sem culpa. Vai passar. Não superamos os medos, sucumbimos na segunda crise, desistimos de insistir.
Somos fracos, somos influenciáveis, somos tolos. Foi muita incompetência de nossa parte. Não seremos inesquecíveis.
Vai passar.”
(Fabrício Carpinejar)
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