De vez em quando acordo e fico me perguntando será que sonhei ou aconteceu mesmo aquela cena? Me perco, me confundo e nem sempre as respostas sentam ao meu lado. É que a vida da gente é uma mistura de sonho, realidade, passado, presente e futuro. Tudo junto, meio batido no liquidificador, com gelo e um canudo bonito. Bebe quem quer. E eu tomo tudo até fazer barulhinho (apesar da minha mãe ter ensinado que era super feio fazer barulho).
Para realizar um sonho é preciso de muita coragem. Porque às vezes você tem que abrir mão de uma coisa para dar espaço para a chegada da outra. Uma vez ouvi dizer que é impossível ter tudo. Não sei se concordo, afinal, o que é ter tudo? Você pode ter dinheiro, amor, um cabelo bonito e nenhuma paz. Muitos dígitos na conta bancária não salvam ninguém. Um closet cheio de Versace não salva ninguém. Um marido a cara do Jude Law não salva ninguém. Um emprego fantástico não salva ninguém. Cabelo liso e sem frizz com chuva não salva ninguém.
A nossa salvação é aquela paz com gosto doce, alguma alegria e uma sinceridade no sentir. Porque não adianta você se esforçar, se a tua bondade é da boca pra fora, se teu sentimento é da boca pra fora, me desculpa, não resolve. Sentimento vem de dentro. Bondade vem do peito. Sem esforço, sem gasto de energia. Tem que ser natural. Simples como respirar.
Não é fácil manter a serenidade. É uma luta diária e constante. Não é fácil manter bons pensamentos. O mundo lá fora nos chama, grita, puxa. O orgulho dói, o ego fere, as tentações nos cutucam. É difícil resistir. É difícil manter a casa em ordem. É difícil acreditar nas pessoas. Porque as pessoas são podres. Eu sou podre. Você é podre. A gente nasce puro e com o passar dos dias, dos meses, dos anos vamos nos tornando sujos. Vamos perdendo a pureza, a inocência, a beleza. Vamos esvaziando por dentro. E perdendo a fé.
Vivemos perseguindo sonhos. Quero isso, quero aquilo. Quando conquistamos, mudamos o foco. Queremos mais, sempre mais. Então me pergunto: quero tanto. Quero muito. Quero sempre. E o que faço? O que dou? A gente precisa se doar. Arrumar um tempo e fazer mais. Agora você me pergunta: mais o quê? Não sei. Cada um tem uma resposta, uma vida, um passado. De repente, você tem um problema com seu pai. Faça mais. Seja mais tolerante, menos amarga, menos impaciente. De repente, você tem um problema no trabalho. De repente, você sofre pela falta de amor. De repente, você só vive para os outros. De repente, você não vive para os outros. De repente, o egoísmo é o teu par. De repente, você é boazinha demais. Não sei. Descubra a sua resposta. Arrume um tempo e faça mais. Por você, primeiro por você. E depois pelos outros.
(Clarissa Corrêa)
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