terça-feira, 23 de agosto de 2011

''A afinidade não é o mais brilhante, mas o mais sutil,  delicado e penetrante dos sentimentos.
E o mais independente.
Não importa o tempo, a ausência, os adiamentos,  as distâncias, as impossibilidades.
Quando há afinidade, qualquer reencontro  retoma a relação, o diálogo, a conversa, o afeto
no exato ponto em que foi interrompido.
Afinidade é não haver tempo mediando a vida.
É uma vitória do adivinhado sobre o real.Do subjetivo para o objetivo.Do permanente sobre o passageiro.
Do básico sobre o superficial.

Ter afinidade é muito raro.
Mas quando existe não precisa de códigos  verbais para se manifestar. Existia antes do conhecimento,  irradia durante e permanece depois que  as pessoas deixaram de estar juntas.
O que você tem dificuldade de expressar  a um não afim, sai simples e claro diante de alguém com quem você tem afinidade.

Afinidade é ficar longe pensando parecido a  respeito dos mesmos fatos que impressionam comovem ou mobilizam.
É ficar conversando sem trocar palavras. 

É receber o que vem do outro com aceitação anterior ao entendimento...
Sentir com é não ter necessidade de explicar o que está sentindo.

É olhar e perceber.
É mais calar do que falar, ou, quando falar,

jamais explicar: apenas afirmar.
Afinidade é ter perdas semelhantes e iguais esperanças.
É conversar no silêncio, tanto das possibilidades exercidas,
quanto das impossibilidades vividas.
Afinidade é retomar a relação no ponto em que parou sem lamentar o tempo de separação.
Porque tempo e separação nunca existiram.
Foram apenas oportunidades dadas (tiradas) pela vida,
para que a maturação comum pudesse se dar.
E para que cada pessoa pudesse e possa ser, cada vez mais a expressão do outro sob a forma ampliada do eu individual aprimorado.''
(Artur da Távola)

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